Mais um dia passado, dou por mim como uma reclusa a contar os dias - faltam-me apenas os riscos na parede do meu quarto! Percebo-me que estou a contar os dias para qualquer coisa de melhor, que sei que vem por aí... não deve tardar muito!
Cheguei a casa e estive a dormitar, que não é bem a mesma coisa que dormir... Quando acordei, não estava a sentir-me bem em casa, faltava-me o ar e por isso resolvi sair. Numa das minhas muitas deambulações pela minha cidade, em que percorro-a sem rumo nem destino!
Estas deambulações pela cidade e a noite, sossegam-me... acho que é a certeza de encontrar almas ainda mais inquietas do que a minha!
Fui passando de carro, que estava bem quentinho, e reparei que lá fora estava frio... vi muita gente na rua. Mas não falo de pessoas que saíram para celebrar o dia das Bruxas, mas sim de gente que não tem outra alternativa para além da rua. A casa deles é a rua... o trabalho deles é a noite... a vida deles são os murmurinhos que ouvimos quando deitamos na nossa cama e a cidade ainda continua viva e a respirar com dificuldade! Durante o dia, não ouvimos pois estamos demasiadamente preocupados em ouvir o nosso próprio barulho e chorar as nossas próprias lágrimas! Eu também sou assim...
Vejo rostos... sombras de almas... de pessoas que escolheram outro caminho sem querer e que acabaram por se perder, continuando à procura de qualquer coisa! Rostos, sem sorrisos porque afinal a vida não é só cor-de-rosa! As mãos deles esfregam freneticamente pois essa será a única forma de conseguirem aquecer qualquer coisa... pelo menos até à hora do próximo xuto, do próximo pacote de vinho, do próximo cliente... ainda há aqueles que apenas querem que o sol regresse para aquecerem e recuperarem a cor perdida! Parecem fantasmas...
Numa noite de bruxas, os nossos fantasmas vivem na noite... os fantasmas de quem não sabe o caminho de regresso! Na noite das bruxas, os meus fantasmas foram-se embora e fiquei com os dos outros...
Eu, que agora estou à frente do computador, vestida com uma roupa quente e confortável! Que tenho comida, água e outros pequenos luxos que me garantem a sobrevivência física, mental, social, cultural e etc... Eu que saí à rua, na noite das bruxas, para espantar os meus fantasmas e regressei com os fantasmas dos outros... Os outros que vivem todos os dias na noite de bruxas e fantasmas!
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